Apresentação

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Nas periferias, favelas, comunidades, cidades, nesses espaços mulheres e homens lutam todo dia pela sobrevivência. Em meio a essa massa de trabalhadoras e trabalhadores grupos se organizam para lutar - e lutar não mais pela simples existência - unem forças, sonhos, talentos, para a transformação da realidade.

O livro que agora está em suas mãos, caro leitor, cara leitora, é resultado da ação de uma dessas lutas. Marcus Dantas, ou Aborígine é lutador do povo, de Samambaia, do Hip Hop, do Rap. E os fragmentos de literatura marginal que compõe a obra são verdadeiros diálogos com a realidade, com as ausências, com as bandeiras de lutas do Hip Hop militante.

A leitura irá, com certeza, inspira-lo e inspira-la, sensibilizar seu olhar, que muitas vezes – sobre tudo na lógica capitalista e individualista – deixa passar a dor do outro e a necessidade de organização para construção do projeto popular de Brasil.

SUELEN GONÇALVES
Historiadora, militante do Núcleo de Formação Popular Família Hip Hop



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Conheci o trabalho do Markão em 2009, em um evento de RAP, numa casa de shows em São Sebastião/DF. Lá estava Marcus Dantas divulgando seu CD “Dia e noite. Dia açoite. Noite Fria”, num “stand” montado com duas mesas de bar. A primeira, forrada com uma bandeira do Brasil grafitada, e a segunda, com uma bandeira do MST.

Logo percebi que não era apenas mais um Rapper no meio de tantos presentes, mas sim um militante que se utiliza de ritmo e poesia para incomodar quem não se incomoda mais, pra movimentar os estáticos, pra dar um tapa no comodismo e na passividade e convocar a juventude para protagonizar as mudanças que nossa sociedade tanto precisa.

O “trampo” do Aborígine vai muito além de mero denuncismo. É ativismo puro! Por intermédio do Coletivo ArtSam, promove Cineclube nas quebradas, Saraus nas garagens das periferias de Brasília, intervenções pedagógicas nas Escolas Públicas e apresentações em atos promovidos pelos movimentos sociais.

Parafraseando Paulo Freire “temos que encurtar a distância entre o discurso e a prática, até que o nosso discurso seja a nossa prática”. E é isso que esse herdeiro do “repente” faz. Sua prática é referência para muitos que o enxergam como um verdadeiro líder que não está preocupado em ter muitos seguidores, mas sim em formar novas lideranças comprometidas com a transformação.

Sérgio Vaz, com certeza, o definiria como um revolucionário, ou seja, “que tem vontade de transformar o mundo e coragem para começar por si”.

É com muito orgulho que apresento essa obra que, sem dúvidas, é um marco para o HIP HOP de Brasília. “Sem Rosto, Família ou Nome” resgata nossa capacidade de nos indignar com as mazelas e violências que nos cercam.

Porém, o despertar dessa “fúria” vem regado de muito amor. Apropriar-me-ei de um trocadilho muito utilizado pelo Markão para afirmar que as poesias presentes neste livro são indispensáveis para todos os “amadores”, não por falta de profissionalismo, mas por excesso de amor.

É com muito amor e muita fúria que convido todos a mergulhar na poesia revolucionária de Markão Aborígine.

Boa leitura!

FRANCISCO CELSO
Professor de História, especialista em Educação Inclusiva, atua como formador de Mediadores Sociais do Programa Estudar em Paz e como Coordenador Intermediário de Direitos Humanos e Diversidade da Coordenação Regional de Ensino do Recanto das Emas/DF.

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